Pássaros da Amazônia Associados ao Bambu

terça-feira, 28 de setembro de 2010


Bambu e a Biodiversidade de Pássaros na Amazônia

As áreas de floresta tropical localizadas nas planícies da Amazônia possuem o mais alto número de espécies de pássaros do mundo, algumas com mais de 550 espécies (Kratter, 1997). Um dos motivos dessa excepcional riqueza de espécies de pássaros é a imensa variedade de florestas e outros habitats na Amazônia. Para determinar a contribuição do bambu à riqueza total de espécies de pássaros, Kratter pesquisou pássaros que viviam em extensivos arbustos de bambu gigante (Guadua weberbaureri) ao longo do rio Tambopata, no Peru, um tributário do rio Amazonas. Ele constatou que 25 entre cerca de 440 espécies de pássaros que viviam na área estavam confinadas aos arbustos de bambu. Portanto, esse estudo demonstrou que os pássaros que dependiam do bambu compreendiam uma parte significativa (6%) da biodiversidade total de pássaros da área.

No leste da Amazônia, Zimmer et al. (1997) pesquisaram os pássaros da Região de Alta Floresta no estado de Mato Grosso, Brasil. Entre as 474 espécies de pássaros registradas na área, 18 estavam confinadas a talhões de bambu dentro da floresta. Portanto, 4% do total de espécies de pássaros da Região de Alta Floresta eram especializadas em bambu.

Espécies de Pássaros Confinadas a Arbustos de Bambu



Agora apresentamos uma lista de espécies de pássaros confinadas a arbustos de bambu na Amazônia. É difícil compilar esse tipo de lista porque algumas espécies demonstram uma variação em sua dependência do bambu. Por exemplo, no estado do Mato Grosso, o barranqueiro-de-coroa-castanha (Automolus rufipileatus) é reportado como confinado grandemente a talões de bambu na floresta (Zimmer et al. 1997). No leste do Peru, a mesma espécie também está grandemente associada ao bambu, mas sabe-se que isso também ocorre em canas (Gynerium sp.) e espaços de quedas de árvores (Kratter, 1997). A maria-cabeçuda (Ramphotrigon megacephala), uma espécie encontrada na Amazônia e na Mata Atlântica é outro exemplo. Na Amazônia, esse pássaro foi reportado como “bastante ou totalmente confinado a arbustos de bambu”, enquanto na Mata Atlântica no sudeste do Brasil, “parece ser encontrado onde o bambu é um componente dominante do sub-bosque da floresta (Ridgely e Tutor, 1994)". A variação da associação com o bambu pode ser o resultado de muitos fatores diferentes, como a variação no número de inimigos (concorrentes ou predadores) ou a escassez de arbustos de bambu para as espécies de pássaros que dependem dessa planta.

Reconhecendo que a dependência do bambu pode variar de região para região, nossa lista inclui todas as espécies de pássaros reportadas como confinadas a arbustos de bambu em pelo menos uma das regiões da Amazônia. Nossa lista foi compilada a partir dos estudos de Parker (1982), Pierpoint e Fitzpatrick (1983), Terborgh et al. (1984); Parker e Remsen (1987), Ridgely e Tutor (1989, 1994), Parker et al. (1997), Zimmer et al. (1997), Kratter (1997) e Aleixo et al. (2000). Ela compreende as 34 espécies relacionadas abaixo:

    Inhambu-guaçu (Crypturellus obsoletus)
    Saci-pavão (Dromococcyx pavoninus)
    Rapazinho-de-boné-vermelho (Bucco macrodactylus)
    Tanguru-pará (Monasa flavirostris)
    Freirinha-de-coroa-castanha (Nonnula ruficapilla)
    Picapau-anão-ferrugem (Picumnus rufiventris)
    Picapau-lindo (Celeus spectabilis)
    Arapaçu-de-bico-torto (Campylorhamphus trochilirostris)
    João-do-norte (Synallaxis cabanisi)
    Puruchém (Synallaxis cherriei)
    Limpa-folha-de-bico-virado (Simoxenops ucayalae)
    Barranqueiro-de-coroa-castanha (Automolus rufipileatus)
    Barranqueiro-escuro (Automolus melanopezus)
    Barranqueiro-ferrugem (Automolus rubiginosus)
    Barranqueiro-de-topete (Anabazenops dorsalis)
    Choca-do-bambu (Cymbilaimus sanctaemariae)
    Choca-lista (Thamnophilus aethiops)
    Choquinha-de-flanco-branco (Myrmotherula axillaris)
    Choquinha-de-ihering (Myrmotherula iheringi)
    Choquinha-ornada (Myrmotherula ornata)
    Choquinha-de-bando (Microrhopias quixensis)
    Trovoada-listrada (Drymophila devillei)
    Formigueiro-do-bambu (Percnostola lophotes)
    Formigueiro-de-goeldi (Myrmeciza goeldii)
    Formigueiro-de-cauda-castanha (Myrmeciza hemimelaena)
    Chororó-de-Manu (Cercomacra manu)
    Torom-torom (Hylopezus berlepschi)
    Marianinha-amarela (Capsiempis flaveola)
    Maria-de-peito-machetado (Hemitriccus flammulatus)
    Tiririzinho-de-bochecha-branca (Poecilotriccus albifacies)
    Maria-cabeçuda (Ramphotrigon megacephala)
    Maria-de-cauda-escura (Ramphotrigon fuscicauda)
    Garrincha-de-bigode (Thryothorus genibarbis)
    Papa-capim-cigarra (Sporophila schistacea)

Um pássaro de especial interesse nessa lista é o pica-pau lindo (Celeus spectabilis), um pica-pau especializado em alimentar-se das formigas que vivem dentro de troncos ocos de bambu (Kratter 1997, 1998).

A lista acima contém apenas espécies de pássaros confinadas a arbustos de bambu. Outras espécies podem ocorrer em florestas mistas, ser especializadas em forragem em bambu ou usá-lo como cobertura, mas não foram incluídas na lista porque ocorrem fora de talhões puros de bambu. Entretanto, nos vários habitats onde esses pássaros ocorrem, o bambu pode ser um elemento muito significativo ou importante dentro de sua ecologia.

Peixes da Região Amazônica

sábado, 25 de setembro de 2010

Peixes da Amazônia
Peixes da Amazonia - Acará-açu
Peixes da Amazonia

Nome popular: Acará-açu, Apaiari/Oscar Nome científico: Astronotus spp.

Habitat: Bacias Amazônica, Araguaia-Tocantins e Prata. Foi introduzido nos açudes do Nordeste e na bacia do Rio São Francisco.

Saiba mais: Peixe de escamas. São onívoros, com forte tendência carnívora, consumindo pequenos peixes, insetos, crustáceos e frutos e sementes. Vivem principalmente em lagos de várzea e lagoas marginais. Não são migradores. Atingem a maturidade por volta de 10 a 12 meses e desovam mais de uma vez por ano, com cerca de 1.500 a 2.000 ovos por desova. Formam casais na época da reprodução e protegem a prole. Os adultos são bastante apreciados como alimento e os alevinos como peixe ornamental.

Equipamento e isca: Varas de ação leve, linhas de 8 a 12 libras; anzóis de nº 12 a 20. As iscas podem ser pedaços de peixes, minhoca, minhocuçu, miúdos de frango, insetos e iscas artificiais de superfície e meia água, como pequenos plugs e spinners.

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Peixes da Amazonia - Apapá



Nome popular: Apapá Nome científico: Pellona castelnaeana

Habitat: Vivem em águas amazônicas, onde preferem os rios de águas rápidas e cristalinas, onde se alimentam de insetos e pequenos peixes.

Técnicas de pesca: Podem ser pescados tanto com iscas naturais como com iscas artificiais, sendo que o equipamento a ser utilizado deve ser de ação média, composto por uma vara para linhas 10 a 20Lbs e molinete ou carretilha com capacidade para 100m de linha de 0,35mm de diâmetro. As melhores iscas naturais são pequenos peixes inteiros ou em pedaços, normalmente iscados sem chumbo, sendo que neste caso deve-se usar anzóis de tamanho médio, 2/0 a 4/0. As melhores iscas artificiais são: plugs de meia água, plugs de superfície, colheres e spinners. Como pode-se notar na ilustração, o Apapá tem a boca voltada para cima, provando que ele se alimenta de pequenos insetos e peixes que vivem na superfície da água. Por isso deve-se trabalhar as iscas bem rente à linha d` água.

Dica: Ao sentir o Apapá atacar a isca, de duas ou três fisgadas fortes para facilitar a fixação do anzol na boca dura do peixe.

Melhores épocas: Podem ser capturados durante todo o ano, sendo melhores as épocas de seca, quando os rios estão dentro da sua caixa, facilitando a localização do peixe que, nas épocas de cheia, está dentro dos igarapés, onde não se pode arremessar a isca.

Tamanho mínimo: Liberado.

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Peixes da Amazonia - Aruanã

Peixes da Amazonia

Nome popular: Aruanã Nome científico: Osteoglossum bicirrhosum.

Habitat: Bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins.

Saiba mais: Peixe de escamas. Ele vive na beira dos lagos, ao longo dos igapós ou dos capins aquáticos, sempre à espreita de insetos (principalmente besouros) e aranhas que caem na água. É provavelmente o maior peixe do mundo cuja dieta é constituída principalmente por insetos e aranhas. Nada logo abaixo da superfície com os barbilhões projetados para a frente, mas a função dos barbilhões ainda é desconhecida. Em águas pouco oxigenadas, os barbilhões podem ser utilizados para conseguir oxigênio na superfície da água. O aspecto mais característico do comportamento alimentar do aruanã é a habilidade de saltar fora d'água e apanhar as presas ainda nos troncos, galhos e cipós. Um indivíduo adulto pode saltar mais de 1 metro fora d'água. A espécie se reproduz durante a enchente, e os machos guardam os ovos e larvas na boca. Os alevinos alcançam alto valor comercial como peixe ornamental.

Equipamento e isca: O equipamento deve ser do tipo médio; linhas 12, 14 e 17 libras; anzóis 1/0 a 3/0. Este peixe pode ser capturado tanto com iscas naturais (peixes, camarão, insetos, etc) como com artificiais (plugs de superfície e meia água e colheres).

Dica: É mais fácil capturar o aruanã na beira dos lagos e lagoas, nas proximidades de troncos e plantas aquáticas. O aruanã costuma dar saltos espetaculares quando capturado, e o pescador precisa ter muita atenção ao retirar o anzol do peixe para não se ferir.

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Peixes da Amazonia - Barbado

Peixes da Amazonia

Nome popular: Barbado Nome científico: Pinirampus pirinampu.

Habitat: Bacias Amazônica, Araguaia-Tocantins e Prata.

Saiba mais: Peixe de couro. A espécie é comum ao longo da beira dos rios, na frente de vilas e cidades, e, por esse motivo, é importante para a pesca de subsistência. Inclui vários itens alimentares em sua dieta, mas costuma ser um piscívoro bastante voraz quando ataca peixes presos nas redes. No Rio Madeira, na Cachoeira do Teotônio, cardumes de barba-chata aparecem em novembro e dezembro.

Equipamento e isca: O equipamento é do tipo médio/pesado, montado com chumbo, para manter a isca no fundo. As linhas mais apropriadas são de 17, 20 e 25 libras e os anzóis de nº 4/0 a 8/0.

Dica: é um peixe que briga muito. Deve ser colocado no gelo logo após capturado porque estraga facilmente.

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Peixes da Amazonia - Bicuda

Peixes da Amazonia

Nome popular: Bicuda Nome científico: Boulengerella spp.

Habitat: Bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins.

Saiba mais: Peixe de escamas. São de mar alto e profundo, assim como de superfície e meia água, encontrados em áreas de correnteza ao longo da beira dos rios, boca de igarapés e nos lagos. Não formam grandes cardumes e não fazem migrações de desova. São extremamente piscívoros e vorazes, assim como muito esportivos, chegando a saltar fora d'água antes de se entregar. Não tem importância comercial.

Equipamento e isca: Os equipamentos médio e médio/pesado são os mais indicados, sendo que as varas devem ser de ação rígida, já que a cartilagem da boca deste peixe é bem difícil de ser perfurada. As linhas devem ser de 14, 17 ou 20 libras, e os anzóis de nº 3/0 a 5/0. As iscas artificiais, como plugs de superfície e meia água, colheres e spinners, são as mais utilizadas na captura da bicuda, que também ataca iscas naturais, como peixes pequenos ou em pedaços.

Dica: A fricção deve estar bem regulada, porque a bicuda costuma levar muita linha quando fisgada. O anzol deve estar bem afiado, porque se o peixe não for bem fisgado pode se desvencilhar do anzol durante os saltos.

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Peixes da Amazonia - Cachara

Peixes da Amazonia

Nome popular: Cachara Nome científico: Pseudoplathystoma fasciatum Habitat: As Cacharas freqüentam rios, lagoas, igarapés, desde a Amazônia até o Pantanal Mato-grossense. Freqüentam os locais de águas mais lentas, próximas a camalotes (aguapés) onde espreitam suas presas e , ao mesmo tempo, tem refúgio dos seus predadores.

Técnicas de pesca: Deve-se utilizar equipamento médio/pesado, pois este peixe pode alcançar 1,20m de comprimento e pesar até 20 Kg. Deve-se utilizar uma vara para linhas de 10 a 30Lbs, a carretilha ou o molinete deve comportar 100m de linha de 0,50mm de diâmetro, sendo que na ponta da linha deve-se usar um empate ou encastoado e anzóis com tamanho variando de 6/0 a 10/0. As iscas mais utilizadas são as de pequenos peixes da região em que se está pescando, como as tuviras (morenitas), piaus, jejus, muçuns, etc.

Pode-se também pescar com iscas artificiais que trabalham bem rente ao fundo, utilizando-se o mesmo equipamento das iscas naturais.

Procede-se parando-se o barco a aproximadamente 20m do local em que se quer arremessar. Após tocar o fundo, deve-se manter a linha esticada, ficando à espera de pequenos toques que serão seguido de uma corrida longa. Quando a vara abaixar com a corrida do peixe, fisgue vigorosamente duas vezes para que o anzol fixe bem.

Dica: Tome cuidado com os ferrões laterais, pois estes podem causar graves ferimentos no pescador descuidado.

Melhores épocas: Pode ser capturado de fevereiro à outubro, sendo melhor as épocas de seca.

Tamanho mínimo: 80cm

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Peixes da Amazonia - Tambaqui

Peixes da Amazonia

Nome Científico: Colossoma macropomum

Local de Origem: América do Sul – Bacia do Rio Amazonas

Generalidades: É o segundo maior peixe de escamas no Brasil (o primeiro é o pirarucu),
podendo atingir até 55 kg. No ambiente natural alimenta-se de frutos, folhas
e caules. Esta espécie apresenta bom desempenho em cultivo, principalmente
em regiões de clima quente. O cruzamento do macho do Pacu com a fêmea
do Tambaqui produz o Tambacu, um híbrido interessante para o cultivo.

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Peixes da Amazonia - Matrinxã ou Matrinchã

Peixes da Amazonia

Nome Científico: Brycon cephalus

Local de Origem: Bacia Amazônica

Generalidades: Esta espécie apresenta muito canibalismo na fase inicial.
As larvas são vorazes e possuem uma boca bem desenvolvida logo após seu nascimento. Os jovens e adultos aceitam bem as rações comerciais. São de rápido crescimento, atingindo peso comercial com 7 a 8 meses de cultivo. É uma espécie altamente esportiva e de boa aceitação nos pesqueiros. É considerado um dos peixes mais saborosos da Bacia Amazônica.

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Peixes da Amazonia - Pirarucu

Peixes da Amazonia

Nome Científico: Arapaima gigas

Local de Origem: Bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins

Generalidades: O Pirarucu pode vir a ser uma espécie importante para apiscicultura, pois além da carne saborosa possui um crescimento muito rápido. Este exemplar atingiu 8 quilos em 11 meses de criação.Esta espécie está ameaçada de extinção. Este exemplar é oriundo decriação em cativeiro na região de Belém (PA) e cresceu no Sítio Centenário no Município de Cerquilho (SP), em um projeto de parceria com o Instituto de Pesca. Possui respiração aérea e, na natureza, alimenta-se de outros peixes. Na criação comercial é treinado a consumir ração extrusada.

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Peixes da Amazonia - Traíra

Peixes da Amazonia

Nome Científico: Hoplias malabaricus

Local de Origem: Bacias Amazônica, Araguaia-Tocantins, São Francisco,do Prata, Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil.

Generalidades: Peixe de escama, predador voraz, carne saborosa e de corque varia do marrom ao preto manchado de cinza. Atinge até 60 cm de comprimento e 3 kg de peso. Desova no fundo dos rios e protege os filhotes. A carne é saborosa, mas apresenta muitos espinhos.

Plantas e ervas medicinais da Amazônia um mercado em expansão

terça-feira, 21 de setembro de 2010


 O interesse pelas ervas e plantas da Amazônia com aplicação nas áreas medicinais e de cosméticos tem aumentado cada vez mais. A exploração comercial dessas plantas apresenta perspectivas cada vez mais promissoras de se tornar uma atividade econômica rentável para o Amazonas.

Para o chefe da área de Botânica Econômica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o pesquisador peruano Juan Revilla Cordenas, doutor em Ciências Biológicas, o segmento tem tudo para crescer e se tornar uma atividade econômica lucrativa para o Estado desde que se profissionalize. Ele ressalta que o grande desafio é gerar emprego e renda para o ribeirinho, o caboclo, melhorando a qualidade de vida das pessoas que lidam diretamente com a coleta, armazenamento e venda das plantas medicinais.

O pesquisador afirma que o Inpa não é contra a tecnologia, apenas pretende que o crescimento da atividade de beneficiamento de ervas medicinais contribua para a melhoria de vida da população do Amazonas. "Temos que praticar um extrativismo planejado. Não é a descoberta de princípios ativos de remédios - grande interesse da indústria -, que vai ajudar", analisa Juan.

Segundo o pesquisador, os únicos beneficiados com a descoberta de novos princípios ativos são as poderosas multinacionais que fabricam os medicamentos. O caboclo que repassa seu conhecimento sobre os poderes medicinais das plantas não tem nenhum ganho.

Juan ressalta que muito já se pesquisou e produziu sobre o potencial das plantas medicinais da Amazônia. Ele informa que cerca de 300 plantas amazônicas, nativas e introduzidas, catalogadas pelo Inpa, têm potencial para as áreas medicinal, fitoterápica, aromática e de cosméticos. "O que falta é operacionalizar a produção local de medicamentos e cosméticos com a utilização de plantas amazônicas", afirma Juan. O pesquisador revela que é difícil fazer o caboclo entender que aquela planta que ele usa para curar uma doença tem valor comercial.

Juan aborda a operacionalização da atividade no livro "Plantas da Amazônia - Oportunidades Econômicas e Sustentáveis", publicado pelo Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (Sebrae/AM), em parceria com o Inpa. O livro foi elaborado com a finalidade de disseminar a utilização das plantas da Amazônia, adequando estudos e pesquisas para a comercialização mercadológica.

O projeto para a elaboração do livro teve início no "Seminário Internacional de Plantas Medicinais - Oportunidades Econômicas e Sustentáveis", realizado em maio do ano 2000. O evento teve finalidade de popularizar pesquisas e tornar acessíveis conhecimentos sobre os mais variados produtos, como os derivados do camu-camu, a importância dos frutos do palmito, o perfil nutricional e a utilização da pupunha, a produção de sabonete de murumuru, entre outros.

Já esgotado, o livro possui catalogadas as potencialidades comerciais de 72 espécies de plantas da Amazônia, nativas e introduzidas, que têm aplicação garantida nas áreas medicinal e de cosméticos. Atinge um público de empreendedores da região porque mostra espécies que já alcançaram uma considerável fatia do mercado local, nacional e internacional. A segunda edição deverá estar pronta no segundo semestre deste ano e ficará sob responsabilidade do Inpa. Com o objetivo de facilitar a compreensão, as espécies foram divididas nos seguintes grupos: fitoterápicos, cosméticos, repelentes, inseticidas, complementos alimentares, corantes e fibras. E para retratar de uma forma clara cada espécie difundida, a apresentação do portfólio foi separada em três ramos: científico, tecnológico e mercadológico.

No primeiro, são apresentadas as transcrições das pesquisas já feitas sobre as espécies. O segundo ensina como manusear essas espécies de forma sustentável, sem agredir ou causar desequilíbrios ambientais. No ramo mercadológico, são descritos os preços do quilo das plantas em suas diferentes apresentações (casca, pó).

Uma das grandes contribuições do livro é estimular a inserção de produtos regionais no mercado nacional e internacional, através de empresas potencialmente exportadoras. Além disso, fornecer subsídios para os empreendimentos de incubação na Amazônia, a exemplo do Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (Cide).


Para exemplificar suas orientações, Juan decidiu partir para a experiência prática, implantando um projeto em Manaquiri (a 65 quilômetros de Manaus) que estimula o plantio e a estocagem do óleo de três espécies não perecíveis: andiroba, castanha da amazônia e castanha sapucaia. "O objetivo é atingir este ano cinco mil litros de óleo", revela o pesquisador. O agricultor vai vender o óleo para a prefeitura, que deverá revendê-lo.

Cada litro de óleo foi estipulado em R$ 10. Antes de efetuar a venda para a prefeitura, cada agricultor terá seu produto analisado pelos laboratórios do Inpa para garantir a qualidade. Os recursos do projeto são do Sebrae/AM, Banco do Brasil, Inpa e prefeitura de Manaquiri.

Fonte: Jornal do Comércio - Dirigido - 06-06-01

25 mil espécies mundialmente conhecidas

Unha-de-gato, alfavaca, muirapuama, catuaba, cubiu, entre outras espécies amazônicas já são bem mais conhecidas em âmbito internacional do que os próprios amazonenses poderiam supor. De acordo com dados das instituições de pesquisa da região, cerca de cinco mil, dentre as 25 mil espécies existentes na Amazônia Brasileira e Internacional, já estão catalogadas e com suas propriedades conhecidas.

De acordo com o pesquisador Juan Revilla, que também é especialista em Inventário Florístico e Fitomassa pelo Instituto Max Planck da Alemanha, a muirapuama, uma planta popular na região por seus efeitos positivos em casos de impotência, atuando como um afrodisíaco natural e eficaz, está catalogada na farmacopéia inglesa desde 1900. Pare ele, o Brasil está atrasado um século na exploração desta espécie. A planta é encontrada no Amazonas, Pará e nas três Guianas.

Produção de cosméticos aproveita capacidade da natureza

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (Sebrae/AM) afirma, no estudo "Cosméticos à base de ervas naturais" da série Perfis Empresariais, que o setor é seguro e crescente, tanto no mercado interno quanto internacional. Afirma que não é tão arriscado iniciar uma pequena empresa de cosméticos à base de ervas naturais, utilizando-se da enorme biodiversidade do Amazonas.

Os técnicos do Sebrae/AM informam que os riscos do negócio são de grau médio, considerando a baixa escala produtiva de ervas existentes no Estado. Além desse fator, a preferência dos produtores é a venda nos mercados nacional e internacional.

Os riscos podem ser reduzidos se o empresário associar ao empreendimento industrial a atividade agrícola própria. De acordo com o estudo, dependendo da erva plantada, pode-se obter os óleos essenciais, possuidores do princípio ativo, tão desejado pela indústria cosmética e farmacêutica.

A produção de cosméticos é uma atividade que vem sendo praticada ao longo da história da humanidade. Mas segundo os técnicos do Sebrae/AM, a indústria está redescobrindo que o segredo está em saber aproveitar a capacidade criadora e transformadora do ambiente natural.

O mercado das regiões mais desenvolvidas, de culturas fortemente influenciadas pela onda naturalista que invadiu o mundo a partir dos anos 70, está recusando os aromas artificiais, os conservantes, os produtos sintéticos e as experiências com animais.

Segundo o estudo, na área da cosmetologia natural surgiram empresas que não oferecem remédios milagrosos. Essas organizações sabem que o cuidado da pele não possui objetivos puramente estéticos, preocupando-se em acentuar a beleza e manter a saúde.

O suprimento de insumos de uma empresa de cosméticos, de acordo com os técnicos do Sebrae/AM, pode ser feito no mercado local e no nacional, destacadamente em São Paulo, onde são obtidos os materiais secundários e de embalagem. No mercado local, podem ser encontrados os extratos, óleos e essências regionais. O estudo afirma que a aquisição de matéria-prima não representa nenhum entrave, pois existe uma oferta abundante, apesar de não organizada.

O estudo revela que foi identificada a existência de produtores que começam a plantar pequenas roças de ervas, destacando-se os municípios do Careiro, Cacau-Pirera e Envira. As ervas medicinais e aromáticas mais utilizadas em cosméticos no Brasil são: camomila, sálvia, aloe vera, verbena, alteia, prímula, angélica, alfazema, patchuli, jamborandi, babosa, menta, alecrim, jojoba, amor crescido, bonjuá, calêndula, arnica e hamamelis. Uma parte delas é de fácil produção na região da Amazônia. Os técnicos do Sebrae/AM aconselham os empreendedores a manter uma produção própria de ervas para não ficar totalmente dependente dos produtores.

O estudo adverte que como os produtos à base de ervas, flores, frutos e raízes são de custos mais elevados em razão das exigências dos principais mercados compradores, seus preços tendem a ser também elevados.

O equilíbrio natural da floresta amazônica

sábado, 18 de setembro de 2010

A Amazônia, como floresta tropical que é, apresenta-se como um ecossistema extremamente complexo e delicado. Sua incrível diversidade biológicas de difícil compreensão. As imensas árvores retiram do solo toda a matéria orgânica nele existente, restando apenas um pouco na fina camada de húmus, onde os decompositores garantem a reciclagem de nutrientes. A retirada desses minerais é tão intensa que alguns rios amazônicos têm suas águas quase destiladas. Ficando praticamente sem matéria orgânica, os peixes e animais aquáticos dependem, para se alimentar, das folhas e dos frutos que caem das árvores. Para que possa ocorrer a reciclagem dos nutrientes, é preciso haver um grande número de espécies de plantas, pois cada uma desempenha uma função no ecossistema. As monoculturas naturalmente comprometem esse mecanismo e, por isso mesmo, não são recomendáveis.
Os animais, que se alimentam das plantas ou de outros animais, também contribuem, com suas fezes, para o retorno da matéria orgânica ao solo. Além disso, eles têm importante participação na polinização das flores e na dispersão dos frutos e das sementes.
As constantes chuvas que caem na Amazônia têm um papel fundamental na manutenção do ecossistema. Muitas vezes as águas nem chegam a atingir o solo, uma vez que ficam retidas nas diversas camadas de vegetação, sendo rapidamente absorvidas ou evaporando-se ao término da chuva. São elas que garantem a exuberância da floresta.
Todos os elementos, clima, solo, fauna e flora, estão tão estreitamente relacionados que não se pode considerar nenhum deles como o principal. Todos contribuem para a manutenção do equilíbrio, e a ausência de qualquer um deles é suficiente para desarranjar o ecossistema.
Retirando-se a vegetação, por exemplo, esta levaria consigo a maior parte dos nutrientes, e o pouco que restasse seria carregado pelas fortes chuvas que passariam a atingir diretamente o solo. Sem a existência dessa matéria orgânica, a floresta não conseguiria se reconstituir, e a tendência natural seria sua desertificação. Dificilmente, porém, teríamos um deserto total, pois a permanência dos ventos alíseos oriundos do oceano é capaz de garantir a umidade necessária para algumas formas de vegetação.
Mas de qualquer maneira o ecossistema estaria destruído. E qual seria a conseqüência disso para o globo?
Durante muito tempo atribuiu-se à Amazônia o papel do “pulmão do mundo”. Hoje sabe-se que a quantidade de oxigênio que a floresta produz durante o dia, pelo processo da fotossíntese, é consumido à noite. No entanto, devido às alterações climáticas que causa no planeta, ela vem sendo chamada de “o condicionador de ar”. “O desmatamento da Amazônia pode, aparentemente, causar alterações no clima de todo o planeta, com uma possível elevação da temperatura global pela eliminação da evapotranspiração”. Além disso, o gás carbônico liberado pela queima de suas árvores poderia contribuir para o chamado efeito estufa, novamente aquecendo a atmosfera.

Amazonia: Áreas de Preservação

sexta-feira, 17 de setembro de 2010


 Desde a década de 70, o governo federal vem criando na Amazônia reservas naturais, para preservação da fauna e da vegetação. Segundo o Plano de Sistemas de Unidades de Conservação do Brasil e a Lei nº.6.092, de 27 de abril de 1981, são as seguintes as formas de manejo do ecossistema:

Parque Nacional – é uma área extensa com um ou mais ecossistemas inalterados pela ação do homem. A fauan, a flora, os sítios geomorfológicos e os habitats têm interesse científico, educativo e recreativo. Possuem ainda belas paisagens naturais.

Reserva Biológica – serve como banco genético, devido às características especiais de fauna e flora. A influência do homem é controlada, já que a visitação pública é proibida.

Estação Ecológica – tem por objetivo proteger amostras de ecossistemas distintos, para subsidiar a pesquisa comparativa entre áreas preservadas e áreas ocupadas.

Floresta Nacional – destina-se à produção comercial de madeira e outras espécies da flora, à conservação da fauna silvestre e à proteção das bacias hidrográficas.

No Pará são encontrados o Parque Nacional da Amazônia, a Reserva Biológica do Rio Trombetas, a Estação Ecológica do Jarí, e as Florestas Nacionais do Tapajós e de Caxiuanã.

O Parque Nacional da Amazônia, localizado às margens do Rio Tapajós, abrange os municípios de Itaituba (no Pará) e Maués (no Amazonas). Criado em 1974, tem 993.950 hectares. A cobertura vegetal, predominante é a Floresta Ombrófila Densa, com árvores de vários tamanhos, destacando-se a Castanheira-do-Pará e a Seringueira. A fauna é representada pela ariranha (Pteronura brasiliensis), o peixe-boi (Trichechus inungis), o tatu-canastra (Priodontes giganteus), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e o gavião real (Harpia harpyja). A visitação precisa de autorização do Ibama.

A Reserva Biológica do Rio Trombetas foi criada em 1979, no município de Oriximiná, com 385 mil hectares. Abriga a maior concentração de quelônios de água doce do país, principalmente a tartaruga-da-amazônia. Ao longo do rio, os bancos de areia chamados de "tabuleiros" servem de ponto de desova para os quelônios. A área é dominada pela Floresta Ombrófila Densa, mas com formações vegetais de influência fluvial. Com uma fauna diversificada, é habitat natural de antas, capivaras, cutias, macacos-de-cheiro, onças, pacas, porco-do-mato, ariranhas e tamanduás-bandeiras. Visitação permitida pelo Ibama.

A Estação Ecológica do Jarí ocupa 227.126 hectares do município de Almeirim, entre os rios Jarí e Paru. Na cobertura vegetal predomina a Floresta Ombrófila Densa.

A Floresta Nacional do Tapajós tem mais de 600 mil hectares, distribuídos entre os municípios de Santarém, Aveiro e Rurópolis. Criada em 1974, predomina em sua área a Floresta Ombrófila Densa, com essências nativas de valor comercial, como o babaçu e várias espécies de animais silvestres (cutias, onças e macacos).

A Floresta Nacional de Caxiuanã, com mais de 300 mil hectares, está localizada à margem esquerda da Baía de Caxiuanã, nos municípios de Portel e Melgaço. Sua cobertura vegetal é formada principalmente pela Floresta Densa. Controlada pelo Ibama e Museu Paraense Emílio Goeldi, visa preservar os animais e as espécies vegetais da região. A visitação é permitida  pelo Museu.

O Pará tem ainda a Estação Biológica Nacional do Tapirapé, com 103 mil ha., nos municípios de Marabá e São Félix do Xingu; a Floresta Nacional de Gorotire, com 1.843 mil ha., em São Félix do Xingu e Ourilândia do Norte; a Floresta Nacional de Mundurucânia, com 1.377 mil ha., em Itaituba; e a Floresta Nacional de Tumucumaque, com 1.793 mil ha., nos municípios de Alenquer, Almeirim e Óbidos.